Revista Exu
Criada para ser porta-voz da Fundação Casa de Jorge Amado, a revista Exu, desde os primeiros números, alcançou um surpreendente sucesso, chegando a uma tiragem de cinco mil exemplares durante a sua existência.
A Revista Exu procurou desenvolver uma linha editorial e gráfica dentro do melhor padrão de qualidade em publicações congêneres, merecendo lugar de destaque em opiniões e críticas não só no Brasil, mas em diversos locais onde passou a ser veiculada.
Assim foram publicados 36 números em 10 anos, mantendo-se sempre fidelidade ao projeto inicial, mas um dia o sonho, como acontece com todos os sonhos, acabou.
O crescimento da Fundação, as atividades que se multiplicavam, o aumento das publicações da “Casa de Palavras”, ao lado da difícil e permanente busca de recursos para atender à crescente demanda de serviços, tornaram impossível dar continuidade ao projeto.
Para sobreviver, a revista Exu teria que personalizar-se, apoiar-se em sistemas de produção mais competitivos e, adolescente romântica, tornar-se adulta, consciente da responsabilidade que implica o ato de crescer.
Não foi fácil desistir do sonho. Nem foi uma decisão conscientemente assumida. Foi uma solução negociada entre o desejo e a impotência. Seria, acreditávamos então, apenas uma pausa para repensar as possibilidades, refazer as propostas e preparar o retorno. Hoje sabemos que, nesse caso, não haveria retorno, porque alguma coisa ficara perdida, certa inocência que nos fazia acreditar que tudo seria possível.
Mas como os caminhos continuam abertos, e Exu continua presidindo a encruzilhada dos signos, quem sabe, um dia …
Myriam Fraga
Uma Casa de Palavras – 25 anos depois