Mr. Lexo-Tan e outros poemas (Fernando da Rocha Peres)
Mr. Lexo-Tan e outros poemas (Fernando da Rocha Peres)
R$20,00
Autor(a): Fernando da Rocha Peres
Categoria: Poesia
Dimensões: 21 X 15 X 0,7 cm
Edição: 1 – 1996
Idioma: Português
Páginas: 120
“O resultado da venda deste produto é destinado aos projetos culturais da Fundação Casa de Jorge Amado.”
68 poemas para desanuviar o estorvo e bloquear a ânsia. Para vencer os medos, a depressão e a insônia. Para cantar. Submissamente, mas firmemente, cantar.
A montagem do livro-objeto revisita os velhos e novos poemas com aquele tênue humor, um sorriso para dentro, que é marca do poeta. Há as primeiras caixas de uma memória proustiana que procura inutilmente, dentro das relíquias de uma infância asmática, a madeleine dos achados perdidos: poéticos sempre, no sentido de que toda linguagem inovativa, transgressiva, é poesia. Ubi sunt as cantigas de ninar, os sonetos, as rimas, os mestres de antanho?
Porque tudo na poesia é diálogo e intertexto. Com os vivos e com os mortos. O mundo é uma litania de ausências, um Quinto Império destroncado de sonhos. O que existe é a vida, a vida cotidiana, particular, secreta, de cada um. A moringa, ausente companheira de tardes avarandadas, bilha, garrafão ou quartinha de outros Brasís. O relógio carregando o átimo entre os números. O livro, a kodak da arqueologia, preto e branco fotográfico, o sabão de industrioso aroma, o quadro vinílico de Scliar na parede. Porque o poeta Fernando da Rocha Peres nos ensina a ver a textura abstrata, a incalculável leveza da idéia, atrás do concreto opaco do objeto. Saber sentir, com a suavidade do tato e a memória do corpo, o tênue roçar da cadeira baloiça, amiga ao passar da brisa. Tirar da sua solidão ao canto do salão o piano negro e verniz, emprestando-lhe as cores de rubinstein, rebrilhando no noturno de Frederico. Os objetos transcendem, metaforizam. Metonimizam-se.
Para quem não nasceu aqui, para quem veio de longe e talvez desconheça as regras do jogo, para quem contudo a Bahia já não é um postal na parede e a metáfora de um Brasil que não existe ou que só existiu na imaginação das gentes da Europa, a poesia de Fernando é um passaporte para o reino de uma memória que não lhe pertence, mas de que tem aqui a chave.
Texto escrito por Luciana Stegagno Picchio
Sobre o autor: Fernando da Rocha Peres (Salvador, 27.11.36) vem participando da vida cultural baiana desde 1957, quando fundou, juntamente com Glauber Rocha, Calasans Neto e Paulo Gil Soares, as Jogralescas (poesia teatralizada), a revista Mapa, as Edições Macunaíma e a Iemanjá Filmes. Em 1966 dá início a sua carreira universitária, realizando em 1972 concurso para o Departamento de História da Universidade Federal da Bahia, com a tese Memória da Sé. Passa a ser conhecido nacionalmente ao realizar a sua pesquisa (Fundação Calouste Gulbenkian) no Brasil e Portugal, sobre Gregório de Mattos e Guerra, em torno do qual vem desenvolvendo um trabalho de levantamento de fontes inéditas (vida e obra), fazendo uma re-visão da biografia do poeta e localizando vários códices apógrafos contendo a poesia do satírico baiano. Fernando da Rocha Peres é Bacharel em Direito e Mestre em Ciências Sociais (História) pela Universidade Federal da Bahia (UFBA); professor Adjunto da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFBA; foi Presidente da Fundação Cultural do Estado da Bahia (1975-1976); Diretor do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) para a Bahia e Sergipe (1976-1979); Pró-Reitor de Extensão da UFBA (1979-1983); atualmente é Diretor do Centro de Estudos Baianos da UFBA e do Conselho de Cultura do Estado da Bahia. Tem publicado: Cinco Poetas (antologia), Salvador, Edições Macunaíma, 1966; Poemas Bissextos, Salvador, Edições Macunaíma, 1972; Memória da Sé, Salvador, Edições Macunaíma, 1974; Correspondente Contumaz: Cartas de Mário de Andrade a Pedro Nava (editoração, introdução e notas), Rio, Nova Fronteira, 1982; Gregório de Mattos e Guerra: uma re-visão biográfica (prêmio Joaquim Nabuco da Academia Brasileira de Letras), Salvador, Edições Macunaíma, 1983; Louvação a Pedro Nava (poemas; CDA et alli nos oitenta anos do escritor), S. Paulo, edição José Mindlin, 1983; Dois Poemas para Glauber Rocha (juntamente com Florisvaldo Mattos), Salvador, Edições Macunaíma, 1985; A Família Mattos na Bahia do Século XVII, Salvador, UFBA/ CEB, 1987; Senhor dos Navegantes (roteiro cinematográfico em parceria com Glauber Rocha), Salvador, Edições Macunaíma, 1987; Gregório de Mattos e a Inquisição, Salvador, UFBA/ CEB, 1988; Tempo/ Objetos, Salvador, Edições Macunaíma, 1989; colaboração em jornais e revistas da Bahia, Brasil e exterior. Foi eleito membro da Academia de Letras da Bahia em junho de 1987, tomando posse na Cadeira nº25 um ano depois.
Informação adicional
Peso | 0,300 kg |
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Dimensões | 21 × 15 × 0,7 cm |
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