Benedito Veiga surpreende o leitor de Jorge Amado, ao retomar a história de Dona Flor e seus dois maridos, a fim de revelar diversos aspectos dos bastidores do filme homônimo, desde o projeto inicial, a concepção do roteiro e a realização das filmagens até a recepção nas telas do Brasil e do exterior. De fato, sob a direção de Bruno Barreto o famoso romance tornou-se um dos filmes de maior bilheteria do país, fixando a personagem Dona Flor no imaginário nacional, num dos mais bem sucedidos enlaces entre literatura e cinema. Nos ensaios de Veiga, percebem-se os contornos do projeto do filme, seu planejamento, detalhes do roteiro, as estratégias mercadológicas, os limites impostos pela censura, enfim, a trajetória do romance baiano até as telas internacionais. Trata-se de um trabalho original, bem fundamentado e amadurecido, que projeta a nossa ficção para além das páginas do livro, mostrando a transposição de um enredo literário para o grande público do cinema, estendendo-se ao campo mais amplo da diversidade cultural.