O que caracterizou a obra de Sante foi uma coerência. Não só formal, como a coerência técnica, porque as duas sempre trabalharam em paralelo com ele. A sua linha de raciocínio foi buscar duas vertentes das melhores: a alma humana e o que envolvia o ser humano. E ele foi no Nordeste, foi na coisa nacional, na coisa brasileira. E teve a sua melhor fase, vamos dizer, a sua melhor descoberta, a sua maior característica de trabalho, no povo brasileiro, e na fragilidade de toda uma luta, onde está toda a virilidade deste povo, no caso o nordestino. Foram os beatos, todo um misticismo, que Sante foi buscar nas terras áridas baianas e nordestinas.

O que lhe caracterizava era a busca de uma perfeição técnica, que seria, no caso, redescobrir ou trazer para o seu ateliê uma técnica milenar, que seria a encáustica. E foi aí que sua pintura ganhou um aspecto muito pessoal, e que lhe caracterizou, e funciona como a sua assinatura. Aliado a isso, é uma pessoa incansável, sempre um trabalhador pela cultura, ligado aos movimentos que surgiram. Foi também um dos componentes de uma segunda geração de intelectuais e artistas baianos, a geração mapa, a que ele não só se associou, como batalhou em todas as lutas, seja pelo direito do cinema, seja pelo direito do livro, seja pelo direito da pintura.

Texto escrito por Calasans Neto