A Bahia de Jorge Amado (Jacques Salah)
A Bahia de Jorge Amado (Jacques Salah)
R$45,00
Autor(a): Jacques Salah
Editora: Casa de Palavras
ISBN: 9788572781013
Dimensões: 24,5 X 20 X 2 cm
Edição: 1 – 2008
Idioma: Português
Páginas: 320
Fotos: Pierre Verger
“O resultado da venda deste produto é destinado aos projetos culturais da Fundação Casa de Jorge Amado.”
Que poderosos desígnios fazem com que uma cidade seja tocada por um véu de mistério que a torna diferente e única entre tantas?
Não será decreto, apenas por suas belezas naturais, pela paisagem encantadora ou pelas marcas de alguma antiga civilização traduzida em admiráveis ruínas, testemunhas da saga de seu povo.
O que será mesmo que transforma uma cidade em lenda viva?
Debruçada sobre o mar da Baía de Todos os Santos, encruzilhada de destinos, porto de navios, a cidade do Salvador ou, simplesmente, cidade da Bahia, imenso caldeirão onde cabem todas as raças, todas as culturas, todas as crenças, inscreve-se certamente nessa categoria de cidade-ícone.
Fundada em 1549, para sede do Governo-Geral do Brasil, então extensa colônia do império português nas Américas, ostentou por muito tempo os títulos de Capital do Novo Mundo e Princesa do Atlântico Sul, que atestavam sua importância como local em que começava a escrever-se uma nova história, uma nova civilização que lentamente plasmava seus contornos, seta apontando para o futuro.
Com a transferência do poder colonial para o Rio de Janeiro em 1763, a velha cidade de Tomé de Souza perdeu alguns privilégios, mas consolidou-se como referência cultural, repositório de crenças e costumes, além de detentora de um conjunto de riquezas arquitetônicas personificadas na monumentalidade das igrejas barrocas e dos sobrados apalaçados.
Em meados do século XX, mais precisamente 1962, como tantos outros que aqui chegaram movidos pela fascinação de um mundo que lhes prometia novas oportunidades, Jacques Salah, jovem francês egresso da Universidade de Toulouse, onde fizera o curso de Literatura Francesa e, posteriormente, o mestrado em Literatura Francesa do século XIX, veio ao Brasil para assumir um dos cargos de diretor da Aliança Francesa de São Paulo.
Trazia na bagagem uma grande curiosidade pelo país e um particular interesse por uma cidade que já conhecia através de alguns livros de Jorge Amado e aonde chegou, segundo ele, “atraído pela aura de mistério que envolvia a cidade da Bahia: sua natureza, sua cultura, suas características históricas e políticas, e seus problemas econômicos”.
Aos poucos, o que parecia ser apenas uma curiosidade natural pelo exotismo de uma civilização tão distante de suas raízes foi-se transformando em interesse permanente, em dedicação absoluta, objeto constante de seus pensamentos e de suas leituras. Não apenas das leituras de obras de referência, mas, e principalmente, das decifrações dos signos inscritos nas paredes, nas ruas, nos becos, caligrafia de uma cidade que cada vez mais o absorvia com seus mistérios indecifrados, com sua magia e seus segredos.
Para isso veio a contribuir sua aproximação com Jorge Amado, inicialmente, através da leitura de seus romances que tanto e tão bem pareciam retratar, ou melhor, interpretar a alma do povo baiano, depois, a partir de seu encontro com o escritor, em 1965, quando teve o privilégio de ouvi-lo discorrer sobre fatos e personagens que, embora nascidos de sua imaginação criadora, tinham fortes vínculos com a realidade da vida baiana.
Mais tarde, já vinculado à Universidade Federal da Bahia, perfeitamente integrado à comunidade local, Salah decidiu continuar no caminho que tinha escolhido desde o início, dedicando-se então, no cumprimento dos ritos acadêmicos, a aprofundar seus estudos na decifração da cidade-esfinge a partir da obra amadiana.
Foram anos de dedicação, de pesquisas constantes, de descobertas renovadas, para que fosse completado o périplo de uma exploração apaixonada e consciente desse território mágico que corresponde aos limites da velha cidade da Bahia, tendo como farol e guia os romances urbanos de Jorge Amado.
Desse modo cumpriu Jacques Salah seu sonhado itinerário, redesenhando um mapa em que se encontram, assinalados, ruas, praças, logradouros, ladeiras ensolaradas e becos escuros, toda uma geografia urbana onde se movem os personagens com suas paixões, seus sofrimentos, sua miséria e sua ternura.
Em 1984, após exaustivos anos de trabalho contínuo, as conclusões do autor, com o título de A Bahia de Jorge Amado, foram submetidas, sob a forma de tese de doutorado, à Universidade de Montpellier, tendo obtido o grau máximo de aprovação e de louvor da banca examinadora.
Ao ser criada a Fundação Casa de Jorge Amado, em 1986, no Pelourinho, em Salvador, as originais dessa tese, ainda em francês, por iniciativa do autor, passaram a fazer parte do acervo para consulta de pesquisadores e estudiosos. Pelo interesse despertado pelo tema e pelo rigor do estudo realizado, sempre constituiu desejo dos dirigentes da Fundação a edição do trabalho, para que atingisse um público mais amplo. No entanto, fatores diversos foram adiando o projeto.
Alguns anos se passaram antes que tal tarefa fosse apreendida. A princípio, Jacques Salah pretendia dar continuidade a essa pesquisa, pois, tendo concluído o trabalho no início dos anos oitenta, antes, portanto, da publicação de novos romances do chamado ciclo urbano, parecia-lhe uma falha não abordar esses romances amadianos.
Afinal, talvez influenciado pela máxima, do filósofo Heráclito, de que ninguém se banha duas vezes no mesmo rio, Jacques Salah compreendeu, ou admitiu, que seu trabalho estava completo em sua finitude. Aquele tinha sido o momento certo de sua elaboração, o que quer que viesse depois seria apenas a conseqüência, e finalmente autorizou a tradução e a publicação deste que é um dos estudos mais completos sobre a presença da cidade da Bahia na obra de Jorge Amado.
Uma publicação que a Fundação Casa de Jorge Amado, com o decidido apoio do Governo do Estado da Bahia, através do Fundo de Cultura, tem a honra e a alegria de apresentar à comunidade acadêmica, aos leitores de Jorge Amado e a todos os que amam esta cidade no que ela tem de mais sagrado: seus costumes, sua história, muitas vezes escrita com sangue, suor e lágrimas, e a alegria exuberante de um povo que consegue transformar o sofrimento em música, dança e poesia.
Nossos agradecimentos, igualmente, à Fundação Pierre Verger, que nos facultou ilustrar este livro com as fotos de outro grande mestre no entendimento e na revelação desta Bahia mítica, o franco-baiano Pierre Verger, que, como tantos outros, aqui também aportou atraído pelos mistérios desta cidade a partir da leitura dos livros de Jorge Amado.
Informação adicional
Peso | 1,200 kg |
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Dimensões | 24,50 × 20 × 2 cm |
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