Muito dificilmente outro artista terá tido a capacidade de trabalhar inteiramente à vontade, como Juarez Paraiso, em todos os campos e em todas as técnicas das artes plásticas, desde teoria até arte experimental.

Professor nas escolas de arquitetura e belas artes desde 1956, enfrentou desde cedo uma difícil luta dentro da EBA pela renovação do currículo da escola, tentando eliminar a cópia de gesso clássico como modelo de ensino e tentando introduzir oficinas, laboratórios e artes aplicadas, batalha que enfrenta até hoje com resultados limitados, por causa da mentalidade retrógrada dominante.

Como teórico e comentarista, escreveu colunas de artes em diversos jornais de Salvador e apresentou dois programas de artes plásticas na TV, tendo um deles durado cinco meses, além de ter sido diretor artístico da Revista da Bahia

Como organizador, foi secretário-geral das duas bienais nacionais de Salvador, em 66 e 68, diretor da galeria Convivium em 65/66, onde imprimiu um caráter independente, não se subordinando a grupos de interesse e não permitindo que o fator comércio orientasse o programa da galeria.

Responsável direto pela criação da Associação dos Artistas Plásticos Modernos da Bahia, ARPLAMB, tentativa de reunir os artistas em torno dos seus interesses comuns, que faliu devido à cegueira individualista generalizada.

Como artista plástico, não há técnica que Juarez não conheça. Artista gráfico de todas as técnicas, xilogravura, metal, serigrafia e offset, pintor de todas as tintas, do pincel à pistola, trabalha com desenvoltura materiais “brutos” como concreto e resina epóxi ao tempo que consegue dar uma nova dimensão ao delicado lápis aquarelado.

Planejador visual, fotógrafo, cenógrafo, figurinista, decorador, muralista, publicitário, etc, etc, etc, Juarez em tudo o que faz, mantém uma coerência formal tanto melhor sucedida quanto mais respeita as características de cada material com que trabalha. E isto é possível porque as imagens de Juarez são equivalentes às imagens do mundo macro e microscópico, orgânico e inorgânico, como se ele tivesse intuitivamente aprendido as leis que regem a formação das estruturas do mundo material e, numa síntese admirável, realizado a sua equivalência em termos da realidade figurativa contemporânea.

Texto escrito por Renato da Silveira